Mas vamos começar por alguns dias antes. Por telefone, o Paulo Trevisan me diz: "Quero te ver andar de Omega e depois "dar um pau" no Beto Pruner ".
Obviamente era uma brincadeira me 'cutucando' pra acelerar, pois precisaria de muitos e muitos anos pra chegar perto da habilidade que a fera citada tem ao volante do Omega na terra.
Na sexta feira, assim que entramos no pátio do Museu do Automobilismo Brasileiro, vejo o Omega carregado no caminhão. Um sorrisinho no canto na boca e o pensamento vem: Amanhã eu te pego!
Já no sábado e depois da maravilhosa experiência com o Kaimann - mesmo sem conseguir frear - , é hora do Omega.
Apesar de ser um carro de turismo, não é fácil entrar no cock pit, especialmente em função do Santo Antônio e da barra de direção, acrescendo-se o fato de se ter "cento e uns" quilos.
Devidamente posicionado no banco, coloco o cinto de 5 pontas, o volante de volta, uma regulada nos espelhos retrovisores e dou partida. O ronco do motor 6 cilindros sempre exerceu um fascínio incrível pra mim. Me arrepia até a alma quando um 'seis bocas' berra.
Piso na embreagem, engato a primeira, giro alto e saio. O tranco que o carro dá é pra lá de animador. Passo a 2ª marcha e o carro avisa que o "sistema é bruto", dando um pulo pra frente. Era isso que eu queria!
Já entrando na pista, uma espiada nos retrovisores, pé embaixo e 3ª, mais uma 'pancada' nas costas e 4ª. O carro balança a traseira dando-me o primeiro 'cartão de visitas'.
Nem percebi, mas já estou praticamente dentro da curva 1 e tenho que pisar no freio. O carro gruda no chão, os freios são pra lá de eficientes.
Em pouco mais de 400 metros já estou anestesiado: o motor é uma usina, o câmbio uma maravilha e os freios parecem 4 âncoras lançadas ao mar. Não podia ser melhor!
Mais um pouco de acelerador, curva 2, curva 3 e em seguida chego na 4, a "curva do radiador".
Já é hora de começar a 'medir forças' com o carro (tudo dentro da minha capacidade, sem fazer "ême").
Arrisco fazer a curva em 4ª e meio acelerador. A traseira me ameça com um revólver na cabeça, dizendo que assim não pode.
Ok, vamos para o "esse" com mais parcimônia. O carro responde bem e incrivelmente acerto na primeira volta, parecendo um vídeo game, com o carro indo no trilho certo, uma curva jogando dentro da outra.
Chega então a curva 9, a última do circuito, que graças a decência com que consegui contornar o "esse" ela me recebe de braços abertos e consigo fazê-la razoavelmente forte, podendo entrar na reta despejando toda a potência daqueles 6 cilindros.
Chega então a curva 9, a última do circuito, que graças a decência com que consegui contornar o "esse" ela me recebe de braços abertos e consigo fazê-la razoavelmente forte, podendo entrar na reta despejando toda a potência daqueles 6 cilindros.
A chegada ao final da longa reta já é com a camisa, macacão, luvas e balaclava completamente ensopadas de suor, pelo calor dentro do carro e principalmente pela adrenalina. Nessa hora não dá pra lembrar nem do próprio nome, tamanho o êxtase.
Dá vontade de não parar de acelerar, o carro pede mais, permite mais, mas a falta de experiência diz que é melhor recolher o pé, chamar no câmbio e nos freios e fazer tudo direitinho.
Assim que contorno a curva encontro alguém com o Fitti Vê pela frente (que não sei quem era). Aguardo ser visto, recebo o sinal de por onde devo passar e vou embora.
Em cada uma das 5 voltas que dei fui exigindo um pouco mais do carro, conhecendo melhor suas reações e gradativamente 'sugando' boa parte do que os pneus slick aro 18 ofereciam nas curvas.
Chego aos boxes com os braços e pernas moles, uma parte devido ao esforço e outra grande parte em função da adrenalina, que era lançada de balde dentro do corpo.
Pra resumir tudo, é muita potência com um prazer sem igual. Fiquei com gostinho de "quero mais" e mais maluco ainda pra andar com um desses na terra.
Chego aos boxes com os braços e pernas moles, uma parte devido ao esforço e outra grande parte em função da adrenalina, que era lançada de balde dentro do corpo.
Pra resumir tudo, é muita potência com um prazer sem igual. Fiquei com gostinho de "quero mais" e mais maluco ainda pra andar com um desses na terra.
Que dia. Que final de semana. Quanta emoção. Foi só alegria!
Obrigado Paulo Trevisan!
PS: Amanhã conto a experiência com o Fórmula Ford JQ Reynard.
Fotos: Acervo pessoal Francis H. Trennepohl / João César (FNVA) / Acervo pessoal Claudio Ceregatti
Fotos: Acervo pessoal Francis H. Trennepohl / João César (FNVA) / Acervo pessoal Claudio Ceregatti
Cara, normalmente o coração bate umas 80 vezes por minuto.
ResponderExcluirQdo começaste a narrar a chegada e vendo as fotos desse Omega lindo, já chegou a uns 98 batimentos/Minuto.
Acompahando tua narração da arrancada e inicio da volta já chegou a uns 110 batimentos/minuto.
No final da volta já estava a uns 150 tranquilamente. A qto foi teu coração hein??? hehehhehehe
Parabéns cara! Esses depoimentos de amantes da velocidade são fantasticos. Fiquei sabendo que em Estoriu, se aluga um Lola F-1 de 1987 para umas voltas. Não sei o valor. Que tal um Poeiras Tur para lá? hehehhehe
Eu só imagino a emoção de todos vocês que estiveram lá, pois, somente em ler os relatos, sinto a adrenalina dentro de mim. A cada relato imagino-me dentro daquelas jóias da nossa história automobilítica. É um prazer enorme compartilhar dessa emoção com aqueles que estiveram no dia "D". Abraços
ResponderExcluirBah, amigão! Obrigado por nos levar junto na barata. Estava esperando uma brecha para aproveitar o auto quando ele entrou com problemas. O Marcos já vinha com a água para colocar no radiador, mas logo depois percebeu que o vazamento havia aumentado. O piloto seguinte já estava afivelado quando foi acenado para cortar o motor. O Ômega, infelizmente, estava fora de combate. Quem andou, andou forte e o ronco quando passava na reta era incrível.
ResponderExcluirDemais!
Abraços,
Sanco
Parabéns pelo texto, Francis! nos colocou ao seu lado no cockpit (verdade que com os seus cento e tanto mais os meus cento e cinco o tempo de volta iria subir um pouco mais...).
ResponderExcluirAbraço!
hehehehe valeu Alexandre, que bom que sentiu um pouquinho. Lá dentro é indescritível.
ResponderExcluirVamos à Portugal então, pois!
Valeu Ike, obrigado!
Que pena, Leandro. Tenho certeza que você iria curtir demais o Omega.
é um carro sensacional.
Bianchini, obrigado. Sobre o 'lastro', agradeço, mas já basta o meu... hahahahaha