domingo, 24 de janeiro de 2010

Blog Speed Day - Passo Fundo e Guaporé (VII)

Depois do Fórmula Fiat Kaimann foi a vez de acelerar o Omega Stock Car que pertenceu ao Adalberto Jardim nas temporadas de 1994 a 1997 no Campeonato Brasileiro de Stock Car.
Mas vamos começar por alguns dias antes. Por telefone, o Paulo Trevisan me diz: "Quero te ver andar de Omega e depois "dar um pau" no Beto Pruner ".
Obviamente era uma brincadeira me 'cutucando' pra acelerar, pois precisaria de muitos e muitos anos pra chegar perto da habilidade que a fera citada tem ao volante do Omega na terra.
Na sexta feira, assim que entramos no pátio do Museu do Automobilismo Brasileiro, vejo o Omega carregado no caminhão. Um sorrisinho no canto na boca e o pensamento vem: Amanhã eu te pego!
Já no sábado e depois da maravilhosa experiência com o Kaimann - mesmo sem conseguir frear - , é hora do Omega.
Apesar de ser um carro de turismo, não é fácil entrar no cock pit, especialmente em função do Santo Antônio e da barra de direção, acrescendo-se o fato de se ter "cento e uns" quilos.
Devidamente posicionado no banco, coloco o cinto de 5 pontas, o volante de volta, uma regulada nos espelhos retrovisores e dou partida. O ronco do motor 6 cilindros sempre exerceu um fascínio incrível pra mim. Me arrepia até a alma quando um 'seis bocas' berra.
Piso na embreagem, engato a primeira, giro alto e saio. O tranco que o carro dá é pra lá de animador. Passo a 2ª marcha e o carro avisa que o "sistema é bruto", dando um pulo pra frente. Era isso que eu queria!
Já entrando na pista, uma espiada nos retrovisores, pé embaixo e 3ª, mais uma 'pancada' nas costas e 4ª. O carro balança a traseira dando-me o primeiro 'cartão de visitas'.
Nem percebi, mas já estou praticamente dentro da curva 1 e tenho que pisar no freio. O carro gruda no chão, os freios são pra lá de eficientes.
Em pouco mais de 400 metros já estou anestesiado: o motor é uma usina, o câmbio uma maravilha e os freios parecem 4 âncoras lançadas ao mar. Não podia ser melhor!
Mais um pouco de acelerador, curva 2, curva 3 e em seguida chego na 4, a "curva do radiador".
Já é hora de começar a 'medir forças' com o carro (tudo dentro da minha capacidade, sem fazer "ême").
Arrisco fazer a curva em 4ª e meio acelerador. A traseira me ameça com um revólver na cabeça, dizendo que assim não pode.
Ok, vamos para o "esse" com mais parcimônia. O carro responde bem e incrivelmente acerto na primeira volta, parecendo um vídeo game, com o carro indo no trilho certo, uma curva jogando dentro da outra.
Chega então a curva 9, a última do circuito, que graças a decência com que consegui contornar o "esse" ela me recebe de braços abertos e consigo fazê-la razoavelmente forte, podendo entrar na reta despejando toda a potência daqueles 6 cilindros.
A chegada ao final da longa reta já é com a camisa, macacão, luvas e balaclava completamente ensopadas de suor, pelo calor dentro do carro e principalmente pela adrenalina. Nessa hora não dá pra lembrar nem do próprio nome, tamanho o êxtase.
Dá vontade de não parar de acelerar, o carro pede mais, permite mais, mas a falta de experiência diz que é melhor recolher o pé, chamar no câmbio e nos freios e fazer tudo direitinho.
Assim que contorno a curva encontro alguém com o Fitti Vê pela frente (que não sei quem era). Aguardo ser visto, recebo o sinal de por onde devo passar e vou embora.
Em cada uma das 5 voltas que dei fui exigindo um pouco mais do carro, conhecendo melhor suas reações e gradativamente 'sugando' boa parte do que os pneus slick aro 18 ofereciam nas curvas.
Chego aos boxes com os braços e pernas moles, uma parte devido ao esforço e outra grande parte em função da adrenalina, que era lançada de balde dentro do corpo.
Pra resumir tudo, é muita potência com um prazer sem igual. Fiquei com gostinho de "quero mais" e mais maluco ainda pra andar com um desses na terra.
Que dia. Que final de semana. Quanta emoção. Foi só alegria!
Obrigado Paulo Trevisan!
PS: Amanhã conto a experiência com o Fórmula Ford JQ Reynard.

Fotos: Acervo pessoal Francis H. Trennepohl / João César (FNVA) / Acervo pessoal Claudio Ceregatti

5 comentários:

Unknown disse...

Cara, normalmente o coração bate umas 80 vezes por minuto.
Qdo começaste a narrar a chegada e vendo as fotos desse Omega lindo, já chegou a uns 98 batimentos/Minuto.
Acompahando tua narração da arrancada e inicio da volta já chegou a uns 110 batimentos/minuto.
No final da volta já estava a uns 150 tranquilamente. A qto foi teu coração hein??? hehehhehehe
Parabéns cara! Esses depoimentos de amantes da velocidade são fantasticos. Fiquei sabendo que em Estoriu, se aluga um Lola F-1 de 1987 para umas voltas. Não sei o valor. Que tal um Poeiras Tur para lá? hehehhehe

Ike Nodari disse...

Eu só imagino a emoção de todos vocês que estiveram lá, pois, somente em ler os relatos, sinto a adrenalina dentro de mim. A cada relato imagino-me dentro daquelas jóias da nossa história automobilítica. É um prazer enorme compartilhar dessa emoção com aqueles que estiveram no dia "D". Abraços

Leandro Sanco disse...

Bah, amigão! Obrigado por nos levar junto na barata. Estava esperando uma brecha para aproveitar o auto quando ele entrou com problemas. O Marcos já vinha com a água para colocar no radiador, mas logo depois percebeu que o vazamento havia aumentado. O piloto seguinte já estava afivelado quando foi acenado para cortar o motor. O Ômega, infelizmente, estava fora de combate. Quem andou, andou forte e o ronco quando passava na reta era incrível.

Demais!

Abraços,
Sanco

Bianchini disse...

Parabéns pelo texto, Francis! nos colocou ao seu lado no cockpit (verdade que com os seus cento e tanto mais os meus cento e cinco o tempo de volta iria subir um pouco mais...).
Abraço!

Francis Henrique Trennepohl disse...

hehehehe valeu Alexandre, que bom que sentiu um pouquinho. Lá dentro é indescritível.
Vamos à Portugal então, pois!

Valeu Ike, obrigado!

Que pena, Leandro. Tenho certeza que você iria curtir demais o Omega.
é um carro sensacional.

Bianchini, obrigado. Sobre o 'lastro', agradeço, mas já basta o meu... hahahahaha