Foi exatamente neste dia que assisti pela primeira vez uma corrida na terra, 1 mês e meio antes de completar 4 anos de vida.
Dizem que com o tempo esquecemos das coisas, principalmente aquelas vividas na infância, mas algumas coisas marcam demais, e essa foi uma delas.
Até hoje lembro que no sábado de manhã vi 2 Fuscas passando pelo centro de São Carlos em cima de um caminhão, depois a expectativa gigantesca em ir pro Autódromo no domingo, e lá chegando o primeiro carro que vi 'rasgar a reta' na minha frente foi a Brasília 34 do "Touro" (e foi amor à primeira vista!), em seguida passou o Fusca 77 do João Carlos Boaventura com a pintura lindíssima da Kohlbach.
Nessa hora o 'mosquitinho da velocidade' já tinha dado milhares de picadas e não havia mais volta pro meu caso. A poeira grudou nos pulmões e depois disso passei a ser esse "doente" que sou pela terrinha.
Fui em praticamente todas as provas em São Carlos. Não perdia nem os treinos "extras" dos pilotos da região em sábados e/ou domingos em que não havia corrida.
Passei centenas de horas vendo o Plínio Klauck treinar com o Opala 22, o Valdir Heinen com Passat 86 (que depois teve o número 97), assim como os irmãos Zeca e o Jaime Kolling (JK Pneus) com o Opala 29, O César Dini com o Opala, tinha também um TL preto com o patrocínio da funerária "Funebrás", do Astor Gassen, uma Brasília vermelha e amarela com o número 777, do Mário Sperandio, o "Faísca" com o Fusca 66 e até o Lizandro Vacari quando comprou o Voyage do César "Pancho" Gritti treinou por lá.
Andei milhares de vezes nessa pista de bicicleta e tive o prazer de andar de carona no Opala 29 do "Zeca" Kolling uma vez, com ele ao volante.
Além de mim tinha mais umas 2 ou 3 crianças dentro do carro, e o "Zeca" foi bem devagar, apenas na famosa "reta da hípica" (que tinha cerca de 900 metros) ele acelerou valendo por alguns instantes.
Nunca mais esqueci do ronco do motor, o 'tranco' que o Opala dava a cada acelerada, o barulho da 'farofa' batendo no assoalho do carro e principalmente a alegria que senti.
Nunca fui tão feliz em tão poucos minutos! Só eu sei o quanto isso me faz bem e o tanto que está fazendo falta sentir isso novamente...
Na pole João Carlos Boaventura (Fusca 77 - Kohlbach), em 2º João Naumes (Fusca 69), em 3º Roberto "Touro" Granemann (Brasília 34 - Bonplac) e na 4ª posição Roberto "Betinho" Rodrigues (Fusca 5 - Viamar). Ao lado do Fusca 77 está o Niberto Reuter (sem camisa e com as mãos na cintura), ex-piloto e pai dos irmãos Maurício e Márcio Reuter.
Por hoje chega, preciso de uma caixa de lenço...
Foto: Acervo pessoal Maurício Reuter