domingo, 28 de fevereiro de 2010

São Carlos, 26 de Fevereiro de 1984

Começo essa postagem com os olhos marejados. Essa imagem "fez aniversário" na última sexta feira, dia 26, quando completou 27 anos.
Foi exatamente neste dia que assisti pela primeira vez uma corrida na terra, 1 mês e meio antes de completar 4 anos de vida.
Dizem que com o tempo esquecemos das coisas, principalmente aquelas vividas na infância, mas algumas coisas marcam demais, e essa foi uma delas.
Até hoje lembro que no sábado de manhã vi 2 Fuscas passando pelo centro de São Carlos em cima de um caminhão, depois a expectativa gigantesca em ir pro Autódromo no domingo, e lá chegando o primeiro carro que vi 'rasgar a reta' na minha frente foi a Brasília 34 do "Touro" (e foi amor à primeira vista!), em seguida passou o Fusca 77 do João Carlos Boaventura com a pintura lindíssima da Kohlbach.
Nessa hora o 'mosquitinho da velocidade' já tinha dado milhares de picadas e não havia mais volta pro meu caso. A poeira grudou nos pulmões e depois disso passei a ser esse "doente" que sou pela terrinha.
Fui em praticamente todas as provas em São Carlos. Não perdia nem os treinos "extras" dos pilotos da região em sábados e/ou domingos em que não havia corrida.
Passei centenas de horas vendo o Plínio Klauck treinar com o Opala 22, o Valdir Heinen com Passat 86 (que depois teve o número 97), assim como os irmãos Zeca e o Jaime Kolling (JK Pneus) com o Opala 29, O César Dini com o Opala, tinha também um TL preto com o patrocínio da funerária "Funebrás", do Astor Gassen, uma Brasília vermelha e amarela com o número 777, do Mário Sperandio, o "Faísca" com o Fusca 66 e até o Lizandro Vacari quando comprou o Voyage do César "Pancho" Gritti treinou por lá.
Andei milhares de vezes nessa pista de bicicleta e tive o prazer de andar de carona no Opala 29 do "Zeca" Kolling uma vez, com ele ao volante.
Além de mim tinha mais umas 2 ou 3 crianças dentro do carro, e o "Zeca" foi bem devagar, apenas na famosa "reta da hípica" (que tinha cerca de 900 metros) ele acelerou valendo por alguns instantes.
Nunca mais esqueci do ronco do motor, o 'tranco' que o Opala dava a cada acelerada, o barulho da 'farofa' batendo no assoalho do carro e principalmente a alegria que senti.
Nunca fui tão feliz em tão poucos minutos! Só eu sei o quanto isso me faz bem e o tanto que está fazendo falta sentir isso novamente...
Na pole João Carlos Boaventura (Fusca 77 - Kohlbach), em 2º João Naumes (Fusca 69), em 3º Roberto "Touro" Granemann (Brasília 34 - Bonplac) e na 4ª posição Roberto "Betinho" Rodrigues (Fusca 5 - Viamar). Ao lado do Fusca 77 está o Niberto Reuter (sem camisa e com as mãos na cintura), ex-piloto e pai dos irmãos Maurício e Márcio Reuter.
Por hoje chega, preciso de uma caixa de lenço...

Foto: Acervo pessoal Maurício Reuter

11 comentários:

  1. Francis é emocionante ler esses seus textos em que vc fala da sua paixão.
    Se eu tivesse condições faria um carro pra mim e outro pra vc, tenha certeza disso.
    É até um pecado tanta gente por aí correndo só por corre e vc com essa vontade toda naum ter grana pra anda.
    Que tal se a turma que frequenta aqui fisesse um bolão pra te ajudar. Numa dessas até aparece algum patrocinador pra ti.
    Tenha certeza que eu vou assisti a sua 1a corrida.
    Abs
    Claudino

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  2. Olá Francis, que narrativa emocionante! Tenho certeza que muitos leitores, de alguma maneira, identificaram-se com a situação e sentiram a mesma emoção.
    Também fui "infectado" pela mosca da poeira muito cedo, e, de lá para cá, o "mal" vem só se agravando. Já não há mais cura e o jeito é alimentar o vício. Abraços

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  3. Boa tarde....

    faço das palavras do ike nodari as mesmas, o jeito é alimentar o vício
    abraços....
    Ahh, estaremos em sao bento final de semana proximo...

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  4. E quando me emociono com alguma coisa vc diz que não foi nada!
    Belo texto, as emoções são para serem vividas e lembradas com carinho.Parabens.

    Rui

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  5. FRANCIS a sua história é muito parecida com a minha. Quando piá eu morava a 50 metros da Rua Cel. Pelegrini onde ocorria as provas aqui em Passo Fundo e lembro-me de Gordinis, DKWs, Simcas e também provas de Lambrettas. Revi muita da minha história, no seu sempre excelente relato. Um grande abração.

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  6. Eu num lembro qdo fui picado pelo mosquito da velocidade, pq tive a sorte de desde muito pequeno meu pai me levar para as corridas de Fusca Cross aqui em Ponta Grossa. No começo era só no domingo, depois já pedi pro meu pai me levar nos treinos ao sábado e dai num teve mais volta. Num sei viver sem...

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  7. Acho que todos nós temos histórias parecidas... de quando fomos "picados pelo mosquitinho da velocidade"!
    Não tem como não se emocionar ao ler e relembrar da "época boa"!
    Um abraço!

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  8. Lembrei quando eu fui assistir minha primeira prova, também em São Carlos, em 89, eu tinha 3 anos, mas lembro como se fosse hoje :)
    Valeu Francis

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  9. Não fala assim Claudino, desse jeito vou torcer pra você ganhar na mega sena... hahaha
    Obrigado pelo carinho. Quem sabe um dia desses surge a oportunidade pra mim.

    E obrigado à todos pelos comentários. Realmente a "primeira vez" de todos nas pistas é muito parecida, e a emoção é gigantesca.
    Abraço

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  10. O Francis falou o que acontece com todos os que foram "infectados" com esse nosso vírus e que felizmente não tem cura. Valeu!!!!!

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  11. oi,meu nome é Diogo Hirt,sou filho do Valdir que esta com seu fusca na foto. Parabens pela iniciativa e pelo blog. Vc fez eu contar varias historias vividas por mim, ainda qdo eu era criança pro meu filho, se por ventura quiser tenho muitas fotos daquela época. grande abraço qq coisa meu maile diogohirt99@ig.com.br

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