segunda-feira, 7 de março de 2016

Preocupante, muito preocupante!

O Catarinense de Terra 2016 começou com o "pé esquerdo" ontem em Santa Cecília. Grids minguados, de doer!
"A culpa é da crise", ouvi de um. Sim, claro que a crise influencia, mas vale lembrar que essa crise não começou ontem. Aliás, ela já vem se arrastando (e se agravando) nos últimos anos, mas ainda assim em 2015 tivemos uma média de quase 100 pilotos por etapa, enquanto ontem foram apenas 33 inscritos no Catarinense (Estreantes – 9 carros;  Marcas "N" – 8 carros; Marcas "B" – 1 carro; Marcas "A" – 8 carros; Stock Car Opala – 3 carros; Stock Car Omega – 4 carros), mais 15 na Copa Serrana.
A média do Catarinense foi de 5,5 carros por categoria, sendo que em uma delas havia apenas 1 inscrito em sua respectiva categoria.
Para efeitos comparativos, a Noturna + Taça São Bento teve 76 carros inscritos e mais de 90 pilotos, mais do que o dobro, e não fosse o confronto de datas, uma vez que o Catarinense começaria na semana seguinte após a prova festiva (e a chuva obrigou a transferência), provavelmente passaria dos 90 ou 100 carros em São Bento do Sul.
Os números expressivos aos quais o Catarinense alcançou nos últimos anos se deve especialmente ao fato de que diversas categorias foram incorporadas ao evento, ajudando assim a enxertar estes números, que de certa forma não condizem com a realidade, pois se traçarmos uma linha de tempo do que era o Campeonato nos anos 1980 e início dos anos 1990, ele não cresceu, muito pelo contrário, vem sucessivamente encolhendo.
Naqueles tempos existia a Marcas (atual Marcas "N"), a 1.600cc (atual Marcas "A") e Força Livre (atual Stock Car, sem as subdivisões), e o grids, somadas as 3 categorias, ficavam na média entre 18 e 25 carros em cada uma.
Ontem a Marcas "N" teve apenas 8 inscritos, a Marcas "A" outros 8 e as 2 divisões da Stock Car (Opala e Omega) somaram 7 carros, menos da metade do grid de 20, 25 ou 30 anos atrás, o que comprova este encolhimento dos grids.
Recentemente o Campeonato também passou por uma fase muito complicada, onde diversos fatores pesaram contra e fizeram com os que os pilotos se afastassem. O trabalho para reerguer foi árduo e, ao que parece, jogado fora gratuitamente, pois uma montanha de erros do passado recente vem se repetindo e novamente a "instituição-mãe" do automobilismo em nosso estado enfrenta grande rejeição e muitas críticas por parte dos pilotos, preparadores e equipes. Dentre as principais reclamações estão a falta de incentivo para os pilotos, o valor das inscrições e carteiras, os troféus oferecidos nas etapas (que são quase uma afronta) e os Clubes, verdadeiros responsáveis em organizar as etapas, sempre ficam com o risco em realizar ou não (no caso de chuva) a corrida e tem como fonte de renda as moedinhas que catam na portaria.
No caso específico dos pilotos, eles pagam cada vez mais pra andar cada vez menos. Justiça seja feita: é bem verdade que para este ano aumentaram consideravelmente os tempos de treino, em espetaculares 5 minutos por categoria, o que dá, no máximo, 3 voltas a mais por final de semana!
Os patrocinadores não aparecem na mídia, e o que eles patrocinam não chega para os pilotos em forma de retorno, seja ele financeiro ou em benefícios. Um tempo atrás, especialmente na época em que havia um aporte financeiro significativo do Fundesporte, ocorria exatamente a mesma coisa: nada chegava aos pilotos.
Depois de conversar com muitos pilotos, posso afirmar que não foi o aumento de 50 reais na inscrição em cada categoria que fez o grid cair este ano em quase 70%. 
Algumas decisões são tomadas quase que de forma secreta, pois pegam inclusive os pilotos de surpresa: ano passado tiraram o direito ao troféu do Vice Campeão em cada categoria. Teve vice que descobriu isso só na festa de premiação, e ficou "pê" da vida. Pra esse ano a Stock Car Opala "A" e "B" foram unificadas (o que acho correto), porém isso sequer foi "anunciado" de forma pública. Alguns pilotos da Stock sequer sabiam desta novidade! 
Os pontos mais importantes para se ter um campeonato forte estão sendo mal tratados: pilotos (e suas equipes), clubes e público. Sem esses, a "Fau" não existe e não há campeonato algum. É uma via que deveria ser de mão dupla, mas não está sendo. 
A partir do momento que pilotos da própria cidade ou de cidades próximas (50 ou 100 quilômetros) deixam de participar das corridas, é sinal de que a luz vermelha já acendeu.
Estão tomando as mesmas atitudes, repetindo erros, ignorando sinais e no discurso esperam que as coisas deem certo. Não tem como plantar abacaxi e esperar colher laranja!
Vimos alguns anos atrás uma sequência sucessiva de erros e decisões impensadas e/ou equivocadas que afundaram o negócio, e agora o caminho que se segue é o mesmo. Uma página não se vira pela metade!
Este é o momento de pensar no todo, dar alguns passos pra trás, abrir mão de algumas coisas para poder melhorar, trazer de volta quem até "ontem" estava no campeonato, dentro e fora da pista. É o único caminho para se ter aqueles grids que enchem os olhos do público e fazem nossos corações "passar de giro". Dá pra sonhar em ver novamente grids lotadíssimos, até com repescagem, a Stock com 20 e poucos carros e por aí vai, mas isso não vai acontecer no rumo em que as coisas estão, muito pelo contrário.
O espaço está aberto para quem quiser debater ideias sobre as possíveis alternativas que podem melhorar as coisas ainda para 2016.
A escada serve tanto para descer quanto para subir. Atitudes é que definem o caminho...
Espero que o negócio não vá pro buraco, novamente.

Foto: Internet 

18 comentários:

Marcelo Cancian disse...

Bom dia Francis...
Realmente,muito triste isso,é uma.pena o nosso esporte que tanto amamos,chegar nesse ponto...
Triste mesmo....

Jaison disse...

Não sei se pode ter relação, mas ter a "última" etapa da stockcar aqui em Curitiba pode ter sido um dos motivos. E depois que o autódromo de Curitiba for desativado, é possível que muitos pilotos voltem pra terra...

Adolf Schartner disse...

Uma pena mesmo, o rumo que o automobilismo regional esta tomando. Grids fracos com publico em geral praticamente inexistente em alguns autódromos, não é nada animador.
Tomara que providências sejam tomadas para que tudo não vá pro buraco de uma vez.

Marcelo Pacheco #49 disse...

Desculpe mas na minha opinião não tem nada a ver com isso. Ngm deixa de correr pra assistir uma corrida de bolhas, ainda mais sendo só a primeira etapa,que valeu metade dos pontos. Ah, as arquibancadas estavam com pouca gente.abs

Marcelo Pacheco #49 disse...

Belo texto Francis.. A FAU caminha no mesmo caminho da CBA, infelizmente estão indo de mãos dadas.

Jeff disse...

Para o publico..é muita categoria e pouca variedade..
Para pilotos, ta caro.. da pra andar umas duas .. tres em local proximo.

Poderia ter a Turismo com carros sedans.. Pickaps com Courier, Saveiro.. Strada..

Opala e Omega poderia ser integrado a TCC

Menos categorias.. mas tempo de pista e mais variedade

Roberto Caillot disse...

triste realidade !

Unknown disse...

Boa tarde meu amigo Francis barrigudo pé pesado Trenealgumacoisaparecida.

Vei. A receita e simples mas se a mistura nao for bem feita nao cresce.

Estou afastado da terra então nem me dou o direito de julgar. Mas tratamento digno; regulamentos equilibrados e que propircionem Boa relação custo beneficio a quem acelera constroi e assiste e uma cobtabilidade mais equilibrada onde os riscos não fiquem pra auto clubes e pilotos. Automobilismo e esporte coletivo e se faz com uniao. Bem vc ja disse tudo. É muito mais fácil resolver do que parece. Um forte Abraço do seu amigo Claudio Hreczuck.

Alan 30 disse...

É isso mesmo Francis. Assino embaixo!!! Uma vergonha para o automobilismo catarinense.

Anônimo disse...

otimo texto mas infelismente naum eh novidade
todos sabem a quem o almir eh subordinado
jean

Anônimo disse...

Boa tarde, Francis. assino embaixo!!!! só que na minha opinião deveria ter mais apoio aos pilotos, se você parar para pensar quem é que faz os show nas pistas,e qual retorno eles tem só o prazer de acelerar. Não vejo vantagem onde só uns ganham.Um pouco é por causa da crise, empresas cortando suas despesas etc. Mas os pilotos onde hoje esta com um custo alto para se andar e não tem nenhuma vantagem para os pilotos só um troféu, acredito que se daria combustível e premiações para os primeiros colocados teria mais incentivo da parte da organização.Quem anda sabe como é despesas desde o momento de saída até o retorno para suas cidades.

Ike Nodari #41 disse...

Parabéns pelo texto. Um verdadeiro raio X do CCA e da relação pilotos/Fauesc.O problema é que os maiores interessados estão totalmente desunidos e aí, fica complicado qualquer movimento reivindicatório. Torço para que as cabeças pensantes venham à luz e intercedam a tempo de de resolver antes de afundar. Abraços

Fabiani C Gargioni #27 disse...

Premiar quem ganha não adianta, tem que se tentar diminuir a carga de custos de quem faz o show e achar uma fórmula para que todos tenham uma certa vantagem em por um carro na pista.Todo mundo aqui sabe o quanto é caro e trabalhoso colocar um carro de competição na pista. Acho que uma das maneiras seria o subsídio das inscrições e combustível, uma diminuição no número de categorias e uma maneira mais eficaz de cobertura de mídia, não sei se ia resolver mas acho que já ajudava e tem mais devíamos nos unir e deixar o bairrismo de lado e lutar em prol de todas as pistas e seus clubes e não apenas ao que pertencemos porque eu vejo muita gente que se pudesse corria no quintal de casa e os outros que se fu... Já ia esquecendo, já está mais do que na hora de se criar uma associação de pilotos e preparadores que tenha voz e vez dentro da fau !!!

Anônimo disse...

Sido 57
Parabéns pelo texto Francis
Lembrando tb que na última prova do ano passado que teve em Santa Cecília nas últimas baterias de domingo a pista não dava a mínima segurança para o piloto

Unknown disse...

FRANCIS MUITO BOA SUAS COLOCAÇÕES, SOU APAIXONADO PELO NOSSO AUTOMOBILISMO, TENHO AMIGOS E PARENTES QUE CORREM NA TERRA, E A BRONCA E A MESMA, PAGA MUITO PARA ANDAR E NÃO SE TEM NADA DE RETRIBUIÇÃO, UMA PENA, ESTE QUE É UM CAMPEONATO MUITO LEGAL. VOCÊ IMAGINA OS ESPECTADORES QUE RODAM 100, 200, 300 KM PARA ASSISTIR UMA PROVA DE TERRA E SE DEPARAR COM UM GRID DE 08 CARROS.
TEM QUE SER FEITO ALGO URGENTE.
PARA PIORAR NA DATA DA PRÓXIMA PROVA DE TERRA, TEM A ABERTURA DO METROPOLITANO DE MARCAS EM CURITIBA, TODOS SABEM QUE TEM MUITOS PILOTOS DA QUI POR LÁ.
TORCEMOS QUE EM LONTRAS VOLTE A TER PELO MENOS 100 CARROS PARA ANDAR.

UM ABRAÇO A TODOS.

Celso disse...

eu também sai fora, pois vejo nós piloto sendo os animador do espetáculo ser exprobrado

Anônimo disse...

naum deixe o blog parado atualisa ai
jean

Anônimo disse...

Todos os interessados no tema CCA devem participar da organização dos eventos ao longo da temporada. Devem assumir responsabilidades e dividir tarefas com a FAUESC e os clubes. Naturalmente passamos por diversas fases na "terra" ao longo dos últimos 36 campeonatos, ora com excelente número de carros e participantes, ora nem tanto! Os regulamentos são confeccionados antes da temporada iniciar e todos podem opinar. Não se faz um evento deste porte sem custos elevados e muitas responsabilidades. Muita coisa ainda precisar ser feita para melhorar, mas todos sabem que estamos trabalhando. Erros foram cometidos no passado, erros são cometidos no presente e erros serão cometidos no futuro, afinal todos os envolvidos nesta questão são homens e, portanto falíveis. Concordo que os pilotos e os seus preparadores devem manter uma melhor organização, uma união de forças para alcançar objetivos de interesse comum. A Fauesc trabalha de acordo com as normas da CBA e não pode fugir da sua responsabilidade de ser a entidade maior do automobilismo em nosso Estado, ditando normas e regras, organizando e supervisionando competições, habilitando pilotos e outras. Discordo quando se fala em reuniões secretas e decisões arbitrárias. Todos os envolvidos sempre são chamados para participar desde que o Almir assumiu a federação. Várias reuniões foram realizadas em 2015 com a presença de todas as partes interessadas. Creditar os méritos e os deméritos daquilo que ocorre no CCA somente para um lado, neste caso, seria uma injustiça! Todos ganham e todos perdem, portanto ainda é tempo vamos todos: reunir, discutir, acertar e errar juntos! Seremos todos vencedores ao final!
Paulo Ricardo Lima Ignacio - Comissário Desportivo da FAUESC.